Investidor segue apoiado nas incertezas climáticas e na retomada de fôlego do Dow Jones e do S&P500.
Em cima do muro. Assim foi o pregão da soja nesta terça-feira (5) na CBOT, que ampliou os ganhos apenas no fim do dia. Sem mudança significativa nas previsões climáticas no curto prazo, os investidores preferem esperar por novidades, influenciados também pela proximidade do relatório de oferta e demanda de fevereiro, que o USDA divulga na sexta-feira (5). Se o último dia da semana é ingrato para vermos a reação dos preços às mudanças no quadro da soja, para quem está no Brasil é ainda pior, pois além da pausa do fim de semana há o feriado que só termina na quarta-feira de cinzas.
Só por curiosidade, nos últimos treze anos, nos cinco dias posteriores à divulgação do relatório de fevereiro, a soja subiu em dez e caiu apenas em três deles. O problema é que no caso dos recuos eles foram muito mais fortes que as altas, mas como o cenário tem estoques apertados e problemas climáticos na América do Sul, não há espaço para fortes quedas para os contratos da oleaginosa.
Mesmo assim, chama a atenção a incerteza sobre a quantidade de soja que vai sair das lavouras do Brasil e da Argentina. Por aqui, a diferença entre as apostas chega a 4 milhões de toneladas, variando entre 80 e 84 milhões de toneladas. Nesta semana a projeção da AgRural foi corrigida para 81,2 milhões de toneladas, feita com base em relatos de problemas enfrentados em alguns pontos do Centro-Sul do país.
E se a soja conta com as incertezas climáticas para seguir firme, o setor financeiro também dá uma boa ajuda. Hoje, depois de apresentar sinais de exaustão no início da semana, o S&P500 voltou a embalar e retomou o patamar de 1.500 pontos, com nova máxima histórica. Mas não dá para esquecer que não há fundamento econômico ou de mercado que justifique o tamanho do apetite do investidor.
No caso da soja, por causa da projeção de perdas provocadas pela seca em pontos da América do Sul, os fundos de investimento também retornam à ponta de compra. Na sexta-feira (1°), o relatório da CFTC mostrou que na semana encerrada em 29 de janeiro os fundos de gestão ativa ampliaram a posição comprada pela quarta semana consecutiva, fazendo o volume comprado retornar aos níveis vistos no fim de 2012, quando a falta de água ainda não passava de rumores.
Por Heitor Hayashi